sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

E agora rondoniense, de quem é a culpa?


Fonte: De olho no tempo

Daniel Panobianco – Sempre que a temperatura sobe muito no inverno somos brindados na mídia com manchetes do tipo “calor fora de época”. Agora, em pleno dezembro, eis que uma massa de ar polar baixa as temperaturas no sul da Amazônia. Este frio é anormal? Não! Como calor no inverno também não.

Sempre foi assim e continuará sendo, apesar de “mentes iluminadas” terem ligado o calor do nosso inverno ao aquecimento global. Tudo, aliás, recentemente, parece ter virado culpa do aquecimento global. Até o volume de chuva acima da média registrado nesse mês de novembro em Porto Velho e que agora a mídia, principalmente a televisiva de Rondônia, trata o assunto como algo raro, incomum e alarmante.

Pelo mesmo raciocínio, frio em dezembro decorreria de resfriamento global. Nenhum dos dois. Estamos em uma região quente é úmida: A Amazônia. Massas polares com maior intensidade chegam o ano todo, independente se é no inverno ou não e a chuva, seja em qualquer mês do ano, uma pancada de 30 milímetros que cai no seu bairro e no bairro vizinho tudo permanece seco, isso é mais comum do que se imagina. Mas há quem de antemão ligue o volume de chuva acima da média com as mudanças climáticas.

Falando das temperaturas, na freqüência, claro, é maior das frias no inverno e das quentes no verão. Hoje, Vilhena amanheceu com 17,8°C de temperatura, assim observada na estação automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Mas muitos devem pensar: “Mas isso ai não é raridade, Vilhena é a cidade Clima”. Negativo. As temperaturas caíram em praticamente todo o Estado, até mesmo em Porto Velho, última localidade de Rondônia onde a temperatura cai. Não foi uma queda brusca, mas na comparação com os dias anteriores e a média, a velha e ultrapassada média usada pelos meteorologistas, a temperatura esteve mais amena de norte a sul do Estado.

Voltando a falar da chuva. Novembro teve chuvas abundantes, porém não raras em praticamente todo o Estado, salvo apenas a região de Cacoal que após um outubro muito molhado, registrou um novembro com baixos valores, apenas 124,4 milímetros registrados na estação automática do INMET na cidade. Em Ji-Paraná e Vilhena, ao contrário das previsões dos institutos locais, que previam seguramente chuva abaixo da média nesta região, as precipitações estiveram satisfatórias, com 321,2 mm em Ji-Paraná e 390 mm em Vilhena. Já em Ariquemes, outra estação do INMET registrou acumulado em novembro de 278,8 mm, Guajará-Mirim, com 240,3 mm e Porto Velho, com 302 mm em outra estação automática do INMET. Como esta estação só existe desde 2007 na região, não podemos usar como base de dados observacionais de anos anteriores. Portanto, a estação base da capital de Rondônia é a da REDEMET (Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica), que está instalada no Aeroporto Governador Jorge Teixeira de Oliveira desde 1982. Em novembro, esta estação acumulou 303 mm.

Muitas foram as falácias de pesquisadores locais na imprensa local de que o mês de novembro em Porto Velho foi muito molhado, ou melhor, aumentando o temor de que tudo fugiu à regra, foi totalmente encharcado. Isso sim é que é fazer merchandising puro da coitada da chuva que lavou a alma do portovelhense no mês passado tirando de uma vez por todas os vestígios da horrenda fumaça das queimadas.

Em Rondônia, a meteorologia funciona da seguinte forma: Se chover abaixo da média, todos já adiantam que o fanático, o terrorista e apocalíptico aquecimento global é o culpado e que todos nós devemos pensar no dia de amanhã. Se chover acima da média, algum distúrbio de grande escala afetou em cheio Rondônia e todos devemos ficar atentos para o que vem pela frente. Até comparar com o nível do rio Madeira já fizeram e a coitada da Bolívia “pagou o pato” por não registrar volumes de chuvas como o nosso e manter o Madeira abaixo da média. Essa sim é uma ciência que estuda, lê e tabula em gênero, número e grau a grandeza de uma série de informações que seriam normais até então para o clima amazônico, não seguindo, claro, a velha e ultrapassada climatologia.

Para quem não sabe, os meteorologistas utilizam uma média de registro de variáveis, como temperatura, umidade, chuva e pressão, do período de 1961-1990, ou seja, o tanto que choveu nesses trinta anos atrás, é o que serve de base para a comparação com o que chove agora.
Para os primeiros que aqui chegaram, nas décadas de 60, 70 e até em 80, a chuva que caia naquela época cai na mesma quantidade de agora? Os eventos de friagem eram tão brandos e quase imperceptíveis como os de agora?

Mas o planeta está esquentando, Rondônia está esquentando!

E agora rondoniense, de quem é a culpa? Do homem ou da forma de se avaliar o comportamento do clima?

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